quinta-feira, 10 de julho de 2014

The beginning?

“Begin at the beginning," the King said, very gravely, "and go on till you come to the end: then stop.” 
― Lewis CarrollAlice in Wonderland


Hoje finalmente chegaram as caixas da mudança. Enquanto o mundo amanhecia de ressaca, depois da overdose de sentimentos desagradáveis deixada pela noite passada, aqui no pais da cerveja começou a chover fininho e não parou mais. Acordei com uma manhã cinza e molhada, daquelas que prometem que o dia inteiro terá essa cara de mofo. Acordei com vontade de dormir mais, muito mais, porque nesses dias chuvosos a cama é com certeza nossa melhor amiga.
Mas acordei porque hoje era o da que finalmente chegava a mudança. E eu estava nervosa. Com o sem chuva, com ou sem mil gols da Alemanha, com ou sem a ressaca de vergonha do povo brasileiro, finalmente hoje era o dia que tudo chegaria.
A transportadora atrasou meio hora, e. como bons alemães, ligaram para avisar. Quanta civilidade. E como bons alemães, me avisaram isso em alemão, claro! Super!
O que interessa é que chegou, meia hora atrasada ou não, a casa nova foi invadida por caixas e mais caixas trazendo a vida antiga empacotada.

E porque eu estava nervosa? Acho que talvez uma mistura: apreensão da entrega iminente em alemão, curiosidade se tudo chegaria inteiro e em bom estado, loucura gerada automaticamente pela entrada de milhões de caixas em casa e, creio que acima de tudo, falta absoluta de espaço para tudo que vinha ai!
Quando o alemão vai embora, olho para minha sala nova tomada por caixas de papelão e penso: Socorro! Não tenho nem ideia de por onde começar!!!

O problema das caixas é que eles significam muita coisa. E enquanto decido começar pelo principio e abrir a caixa numero 1, vou pensando e sentindo coisas muito diferentes. Por um lado abrir as caixas e arrumar tudo significa tornar nossa vida aqui definitiva. Não estamos mais com uma malinha num ap alugado para ver no que vai dar. Significa esvaziar a vida antiga que foi armazenada e transportada, e tentar encaixar ela no mundo novo a nossa volta, de forma definitiva. O que da um certo medo, devo confessar.
Por outro lado, quando uso a palavra definitiva, uma onda contraria invade meu rio e muda o curso inicial. Existe um grande desejo dentro de mim de ter algo definitivo... de parar de me mudar uma vez ao ano, coisa que aconteceu nos últimos 5 anos da minha vida. Estou cansada de soluções provisorias e de mudança repentinas. E sei que este tampouco será nosso porto final, ou pelo menos um porto de longa duração... Optamos uma vez mais por um contrato com data de validade, o que corresponde perfeitamente a falta de certezas do nosso momento. Assim, minha arrumação definitiva, mais uma vez, é definitivamente temporária.

Assim, com essa mescla louca de medo da nova realidade com desejo de encontrar nossas certezas pelo caminho, vou de caixa em caixa, desencaixotando e encaixando as coisas em seus lugares novos, buscando espaços, criando e imaginado o que esse mundo desconhecido no trará! E espero que o final chegue e eu possa parar e, finalmente, me sentir em casa novamente.



2 comentários:

  1. Amiga, ninguém melhor do que eu para entender de mudanças, não é mesmo? rsrsrs
    Sabe, quando me mudei para aquele lugar de onde só a morte poderá me tirar, eu disse: Nunca mais me mudarei! Mas confesso que isso soou estranho...
    Em pouco tempo eu já fazia planos para me mudar. Ah?! Pois é, enfiei na cabeça que era muito longe (sei lá do que) e que não deveria mais investir ali. Claro! Investir remete a longo prazo, mas não estou acostumada com isso.
    O fato é que gosto do novo (não necessariamente da novidade), gosto de mudar! Mas descobri que não preciso necessariamente me mudar de lugar. E eu tenho feito essas mudanças com uma constância e rapidez que minha percepção era incapaz de perceber.
    Eu mudo de emprego, de cabelo, de peso, de pensamento, de crença, de estilo, de humor, de área... É estranho dizer isso mas mudanças me trazem estabilidade. Não sei se isso é bom ou ruim, mas eu PRECISO me mudar, mudar a mim.
    Amiga, descobri que o provisório e o definitivo estão dentro da gente e que mudar é muito mais radical do que uma simples alteração do CEP das nossas correspondências. Desencaixote suas caixas e se prepare para as mudanças!
    Muitas saudades de você, sempre!

    ResponderExcluir
  2. Amiga, casa é onde tem amor. Você achou o amor, e vai com ele (e ele com você, em você) pra onde quer que seja. E nós, mudando ainda que só por dentro, estaremos sempre aqui pra você!

    ResponderExcluir