terça-feira, 29 de julho de 2014

Red´s Queen Race

“My dear, here we must run as fast as we can, just to stay in place. And if you wish to go anywhere you must run twice as fast as that.” 
― Lewis CarrollAlice in Wonderland


Hoje foi o ultimo dia da minha aula de Alemão. Passou um mês, voando como sempre, em que aprendi uma quantidade louca de substantivos, verbos, adjetivos, conjunções e tudo mais que compõe essa louca língua germânica.
Foi um mês de conhecer novas pessoas, novas nacionalidades, novos rostos. Um mês de aprender novas estruturas, novos sons e novos significados.
Quando nos mudamos a um novo país, o começo é sempre a parte mais complicada. É tanto o que assimilar, que parece que precisamos correr o tempo todo, simplesmente para permanecer no mesmo lugar! E se decidimos que queremos aprender e crescer, aí mesmo é que temos que correr duas vezes mais rápido, como na corrida da Rainha de Copas!
Pois é assim que me sinto hoje, no final de uma corrida louca, que, a bem da verdade, está apenas começando!!

-Outro dia conversando com uma amiga que mora aqui na Alemanha ha algum tempo, eu dizia que era muito complicado, claro, aprender o tal do Alemão. Ai ela respondeu: Eu sei, mas não se estressa não! É muito complicado mesmo no início, mas depois dos 6 meses melhora!!-

6 meses??? Sendo assim me corrijo: que comece a maratona!!!


sábado, 12 de julho de 2014

In time

White Rabbit: [singing] I'm late / I'm late / For a very important date. / No time to say "Hello, Goodbye". / I'm late, I'm late, I'm late
― Lewis CarrollAlice in Wonderland

Acabo de ver um filme chamado In time. Ok, é verdade, a história não é lá grande coisa, o filme deixa muito a desejar... mas a ideia por trás me fez pensar na maneira como vivemos nossas vidas, na maneira como gastamos nosso tempo...
No filme, a partir dos vinte e cinco anos, cada pessoa tem um ano mais de vida. O tempo é a moeda local, substituindo o dinheiro. Você trabalha por tempo para estender sua vida, e gasta tempo para pagar as coisas que necessita. Nesse mundo inventado, os ricos tem vida eterna, enquanto os pobre vivem contando os minutos.
Levando a analogia de volta a vida real, no fundo no fundo não é muito diferente da realidade, onde o time is money after all, e as classes sociais são definidas de maneira muito similar, seja na luta por tempo, status ou dinheiro.

Mas além da analogia obvia que o autor quis usar, não pude deixar de pensar no quanto a ideia de que nosso bem mais precioso deveria ser nosso tempo, e de quanto tempo gastamos fazendo coisas que não gostamos ou não queremos. Ver os personagens do filme trocando tempo, ou dando tempo de presente um ao outro me fez pensar em como desperdiçamos esse bem tao precioso, sem nem notar.

O mundo moderno esta sempre correndo, tudo é urgente, imprescindível e inadiável. Assim como o coelho branco, estamos sempre atrasados, devendo tempo para um sistema bancário imaginário que não tem piedade de nós. With no time nem para dizer Hello and Goodbye, a vida vai passando e nos queixamos que o tempo passa cada vez mais rápido. Já parou para pensar se não somos nós que passamos cada vez mais rápido pela vida e que não temos nem tempo para parar e ver o tempo passar?


quinta-feira, 10 de julho de 2014

The beginning?

“Begin at the beginning," the King said, very gravely, "and go on till you come to the end: then stop.” 
― Lewis CarrollAlice in Wonderland


Hoje finalmente chegaram as caixas da mudança. Enquanto o mundo amanhecia de ressaca, depois da overdose de sentimentos desagradáveis deixada pela noite passada, aqui no pais da cerveja começou a chover fininho e não parou mais. Acordei com uma manhã cinza e molhada, daquelas que prometem que o dia inteiro terá essa cara de mofo. Acordei com vontade de dormir mais, muito mais, porque nesses dias chuvosos a cama é com certeza nossa melhor amiga.
Mas acordei porque hoje era o da que finalmente chegava a mudança. E eu estava nervosa. Com o sem chuva, com ou sem mil gols da Alemanha, com ou sem a ressaca de vergonha do povo brasileiro, finalmente hoje era o dia que tudo chegaria.
A transportadora atrasou meio hora, e. como bons alemães, ligaram para avisar. Quanta civilidade. E como bons alemães, me avisaram isso em alemão, claro! Super!
O que interessa é que chegou, meia hora atrasada ou não, a casa nova foi invadida por caixas e mais caixas trazendo a vida antiga empacotada.

E porque eu estava nervosa? Acho que talvez uma mistura: apreensão da entrega iminente em alemão, curiosidade se tudo chegaria inteiro e em bom estado, loucura gerada automaticamente pela entrada de milhões de caixas em casa e, creio que acima de tudo, falta absoluta de espaço para tudo que vinha ai!
Quando o alemão vai embora, olho para minha sala nova tomada por caixas de papelão e penso: Socorro! Não tenho nem ideia de por onde começar!!!

O problema das caixas é que eles significam muita coisa. E enquanto decido começar pelo principio e abrir a caixa numero 1, vou pensando e sentindo coisas muito diferentes. Por um lado abrir as caixas e arrumar tudo significa tornar nossa vida aqui definitiva. Não estamos mais com uma malinha num ap alugado para ver no que vai dar. Significa esvaziar a vida antiga que foi armazenada e transportada, e tentar encaixar ela no mundo novo a nossa volta, de forma definitiva. O que da um certo medo, devo confessar.
Por outro lado, quando uso a palavra definitiva, uma onda contraria invade meu rio e muda o curso inicial. Existe um grande desejo dentro de mim de ter algo definitivo... de parar de me mudar uma vez ao ano, coisa que aconteceu nos últimos 5 anos da minha vida. Estou cansada de soluções provisorias e de mudança repentinas. E sei que este tampouco será nosso porto final, ou pelo menos um porto de longa duração... Optamos uma vez mais por um contrato com data de validade, o que corresponde perfeitamente a falta de certezas do nosso momento. Assim, minha arrumação definitiva, mais uma vez, é definitivamente temporária.

Assim, com essa mescla louca de medo da nova realidade com desejo de encontrar nossas certezas pelo caminho, vou de caixa em caixa, desencaixotando e encaixando as coisas em seus lugares novos, buscando espaços, criando e imaginado o que esse mundo desconhecido no trará! E espero que o final chegue e eu possa parar e, finalmente, me sentir em casa novamente.



quarta-feira, 9 de julho de 2014

“I'm afraid I can't explain myself, sir. Because I am 

not myself, you see?” 

― Lewis CarrollAlice in Wonderland


Hoje eu estou naqueles dias. Aqueles dias que você acorda pela manha e não se sente você mesma. Que tudo da errado e qualquer problema parece uma calamidade publica.  
Pois e, infelizmente esses dias acontecem com mais frequência do que eu gostaria, e me sinto totalmente incapaz de não deixar que eles me afetem tanto...
E quando, por acaso, nesse mesmo dia as coisas realmente vão mal, ai sim parece o fim do mundo!!
Mas se eu sei que tudo e uma questão de ponto de vista, se eu sei que me sinto assim apenas temporariamente e que nada mais e do que uma alteração hormonal louca que logo vai passar e meus sentimentos voltarão a um tamanho normal, porque e ta difícil viver esses dias que eu não sou eu???

Hoje tinha jogo do Brasil. Eu sabia que, com essa equipe que jogou as partidas anteriores, não tínhamos nenhuma chance contra a Alemanha. Mas não sei... la dentro sempre existia um desejo de zebra e de que a sorte verde amarela falasse mais alto. 
Nao sei explicar o que me deixou tao triste. Eu não gosto de futebol, e sei que um jogo e apenas um jogo. 
Por outro lado cresci e vivi a maior parte de minha vida nesse pais onde tudo e tao sofrido, tao complicado... mas jogar futebol sempre foi fácil. E ver o Brasil brilhar nesses momentos sempre foi uma das maiores satisfações dessa pátria sofrida.
Bom, talvez seja realmente o momento de parar de se importar com esse jogo e de se orgulhar do Brasil pelo que e e pelo que tenta ser, sempre crescendo e seguindo em frente. De se emocionar com nossas conquistas na vida cotidiana e não nessa festa maluca que faz o mundo parar por um mês, de 4 em 4 anos.

Pode ser que minha tristeza venha do fato de estar aqui nessa terra Alemã. De estar me sentindo sozinha em um pais que não entendo. E não e que eu não entenda sua língua ou sua cultura, definitivamente não entendo sua maneira de pensar. Não entendo a estrutura: da língua, das ruas, da cabeça das pessoas. Não entendo o clima, nunca sei se vai fazer frio ou calor. Não entendo porque as pessoas não sorriem. 

Sera que isso tudo esta na minha cabeça? Que eu estou tornando tudo mais complicado e mais diferente? Sera que sou eu o problema? 

Se sou eu o problema então esta resolvido: porque hoje eu não sou eu mesma!!

sábado, 5 de julho de 2014

“Have i gone mad?
im afraid so, but let me tell you something, the best people usualy are.” 
― Lewis CarrollAlice in Wonderland


Amanha faz tres semanas que cheguei aqui... faz tres semanas que resolvi seguir o coelho branco para dentro de um buraco e nao tinha a menor ideia do que ia encontrar la. Que deixei a segurança do meu mundo conhecido para embarcar numa viagem maluca por um reino que eu não tenho nem ideia de como sera!
E assim como a Alice, fui correndo sem nem pensar duas vezes, e me senti crescer e diminuir tantas vezes que nem me lembro mais!
E não foi a primeira vez que me joguei no desconhecido, que entrei no espelho em busca de algo novo... o que me faz pensar seriamente se eu sou completamente louca, inconsequente, ou se tenho problemas mentais...
De todas as formas, maluca ou não, nada e mais emocionante, revigorante e desafiante que começar de novo! E se a loucura nos faz amadurecer e nos traz coisas novas, ela deve estar sendo útil, correto?
Sera mesmo que para ser feliz e seguir correndo atras do que e melhor pra gente, ser um pouco louco e a melhor solução??
Pois eu acho que terei que seguir perseguindo meu coelho branco para ver onde ele vai me levar!!